“30 ANOS SEM SAMORA” 30 ANOS DE INVESTIGAÇÃO SEM SUCESSO!
- Jornal Amvironews
- 20 de out. de 2016
- 3 min de leitura

19 De Outubro de 1986, o avião presidencial moçambicano despenhou-se em Mbuzini, território sul-africano, ceifando a vida do Primeiro Presidente de Moçambique independente Samora Machel e 34 membros da sua comitiva. Hoje volvidos 30 Anos, ainda não se sabe o que realmente terá causado aquele sinistro.
Falando à margem da cerimónia alusiva aos 30 anos da morte de Samora Machel em Mbuzini, África do Sul, local da tragédia, o Primeiro Ministro Carlos Agostinho do Rosário, afirmou que Samora Machel foi vítima de um assassinato e que o "dossier" sobre a sua morte "continua a ser uma prioridade nacional e um imperativo patriótico". "É nossa convicção que Samora Machel foi assassinado pelo inimigo da autodeterminação, da paz, da igualdade entre os Homens, da concordância e da coexistência pacífica em Moçambique e na região da África Austral".
Assegurou o ministro, garantindo ainda que "a verdade sobre bárbaro assassinato do estadista, será um dia conhecida pelos povos da região e em particular, pelo povo moçambicano". A cerimónia presenciada por cerca de três mil pessoas, entre altos governantes originários de Moçambique e África do Sul, familiares e amigos das vítimas da tragédia, foi marcada pela deposição de flores ao monumento erguido em memória dos mártires de Mbuzini, discursos da ocasião, actividades culturais e não só. Houve espaço para tudo. No local, mesmo sem corte de bolo, moçambicanos e Sul-Africanos aproveitaram o momento para felicitar a viúva de Machel por mais um ano de vida.
Em declarações imprensa, Graça Machel, hoje mulher de 71 anos, disse que estar em Mbuzini é "uma mistura de sentimentos" entre feridas reabertas e fôlego, e que mesmo sentindo tamanha dor, "os trinta anos hoje comemorados, reivindicaram a palavra de ordem de que Samora vive", esta que segundo Graça só permanece no quotidiano do povo moçambicano graças aos jovens que continuam a ler e ouvir discursos de Samora por toda parte do país.
No que concerne as reais causas do desastre aéreo que vitimou o Presidente Machel há trinta anos, Graça, declarou ser cargo dos governos de Moçambique e da África do Sul descobrir e tornar pública a sua veracidade.
Graça mostrou-se agastada pelo facto de não serem conclusivas até então todas as investigações ao sinistro ocorrido a 19 de Outubro de 1986. Dai que, preferia não tocar no assunto, "pois, múltiplas vezes foram assumidos compromissos nesse sentido por diversos Presidentes, desde os sul-africanos Nelson Mandela, Thabo Mbeki, Jacob Zuma, os Presidentes de Moçambique Joaquim Chissano, Armando Guebuza, todo o mundo já disse isso. Portanto, Só vou acreditar quando surgir o resultado", declarou a viúva. Ainda em declarações a imprensa, Graça, distanciou por outro lado que a aeronave tenha se despenhado devido a erro humano, defendendo que, "por mais que tenha havido erros, os mesmos não justificam que o avião tivesse caído. Por isso é que eu digo que as investigações são inconclusivas até então".
Ainda no local, Malengane Machel, filho do casal, também sublinhou que "definitivamente" quer saber como morreu o seu pai, observando que os sul-africanos nunca se devem esquecer o que Moçambique fez pela libertação do regime do "apartheid".
"Nunca se esqueçam de que Moçambique foi bombardeado só porque tínhamos sul-africanos que estavam a lutar pela sua independência", disse o filho do falecido Presidente Machel, que destacou o legado do antigo chefe de Estado em valores como "respeito pelo outro, honestidade e integridade".
No local da tragédia de Mbuzini, ergueu-se um monumento composto por 35 tubos metálicos na vertical que invocam o número de vidas perdidas naquele lugar, junto de destroços do Tupolev 134, de fabrico russo, em que viajava Machel e sua delegação, no regresso de uma viagem à Zâmbia e já nas proximidades de Maputo. Este monumento, que foi esta segunda-feira palco das celebrações do 30˚ Aniversário da morte de Samora, dirigidas pelo vice-Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, e pelo primeiro-ministro moçambicano, perante outros membros dos respectivos governos, líderes locais, religiosos e tradicionais, familiares das vítimas, sobreviventes do desastre e apoiantes da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo) e Congresso Nacional Africano (ANC), ambos no poder, foi recentemente declarado pelas autoridades governamentais sul-africanas património cultural nacional da África do Sul.



















































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