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SHIMON PERES MORRE SEM CUMPRIR SONHO DE PAZ


O antigo presidente israelita e Prémio Nobel da Paz Shimon Peres morreu na última noite, aos 93 anos.

Peres faleceu no hospital de Telavive onde se encontrava internado há duas semanas, na sequência de um acidente vascular cerebral acompanhado de uma hemorragia interna.

A família do estadista recordou as palavras do patriarca:

“O legado do nosso pai foi sempre o futuro. “Olhem para o amanhã” – dizia-nos, “construam o futuro de Israel com coragem e sabedoria, e lutem sempre pela paz”. Nós tivemos o privilégio de fazer parte da sua família, mas hoje sentimos que é toda nação de Israel e a comunidade global que sentem esta grande perda. Partilhamos juntos esta dor.”

O antigo presidente era o último dos “pais fundadores” do Estado de Israel. Ao longo da sua vida política lutou, primeiro, pela viabilidade do país e, em seguida, pela paz com os palestinianos. Por isso foi um dos artificies dos acordos de Oslo.

UMA VIDA AO SERVIÇO DE ISRAEL

Em junho de 2014, a poucos dias de deixar a presidência de Israel reuniu-se no Vaticano com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmmoud Abbas.

Peres morre sem cumprir o seu sonho de paz.

Homem da guerra e da paz. Após quase 70 anos de actividade política, as opiniões sobre Shimon Peres ainda são muito divergentes, especialmente em Israel. E há razões para isso: em Julho de 2014, pouco antes de encerrar o mandato presidencial, Peres volta a tentar conciliar o desejo de paz com o apoio à guerra em Gaza contra o Hamas:

“Obviamente, não estamos interessados em qualquer guerra. Não consideramos as pessoas de Gaza como nossas inimigas. Eu sei, eu também vi as imagens que chegam de Gaza. São terríveis. Mas alguém que as pode travar é o próprio povo, são as pessoas de Gaza, são os terroristas”.

Poucos dias depois, aquele que, na altura, é o mais velho chefe de Estado no mundo, faz um breve discurso de despedida no Knesset. É o epílogo de uma carreira política em que foi três vezes primeiro-ministro de Israel.

Nascido em 1923, na Polónia, em 1934 chega à Palestina britânica com os pais. Sob a protecção de David Ben Gurion, em 1947, alista-se na Haganah, instituição militar israelita de Defesa.

Em 1952, foi nomeado director do ministério da Defesa e dirigiu o programa secreto para dotar Israel de uma força de dissuasão nuclear. Integrou o governo de Golda Meir e quando teve a pasta da Defesa, dirigiu a retirada, por etapas, das tropas israelitas da península do Sinai, em 1975.

Com o seu eterno rival, Isaac Rabin, Peres foi o cérebro das negociações com os palestinianos que conduziram à imensa onda de esperança e aos Acordos de Oslo. Um ano depois, os três protagonistas deste êxito diplomático, Peres, Rabin e Arafat, receberam o Nobel da Paz. Naquela época, todo mundo acreditava que a paz era possível no Médio Oriente.

Mas a paz tem inimigos. Na noite do 4 de Novembro de 1995, no final de um comício em Telavive, Isaac Rabin foi assassinado por um extremista israelita. Shimon Peres assistiu ao crime. O processo de paz não foi relançado. Se tivesse ganho as eleições de 1996, face a Benjamin Netanyahu, talvez a história tivesse sido diferente, mas nessa ocasião, como em outras quatro, perdeu nas urnas. As casualidades da história, no entanto, conduziram-no por três vezes à liderança do governo.

Em 2005, surpreendeu todos quando abandonou o partido trabalhista para aderir ao novo partido, Kadima, fundado por Ariel Sharon, rival na política mas amigo na vida privada. Na formação centrista ocupou o posto de vice-primeiro-ministro, que manteve quando Ehud Olmert substituiu o ex-general, vítima de um acidente vascular cerebral em 2006.

Em 2007, à segunda volta, o parlamento israelita elege-o Presidente para um mandato de 7 anos. É o coroar do percurso deste todo-o-terreno da política. Já em final de mandato, em Junho de 2014, Peres é convidado pelo papa Francisco para uma jornada de oração no Vaticano com o presidente da Autoridade Palestiniana.

“A paz não é fácil de alcançar. Pede sacrifícios e compromissos. Sem a paz, não estamos completos. Ainda temos de cumprir esta missão de humanidade” – declarou na altura.

Mas o eco das preces pela paz no Médio Oriente não foi o esperado: no mês seguinte Israel lançava mais uma ofensiva terrestre em Gaza.

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